Na manhã deste sábado (21), teve continuação a etapa inicial de formações e oficinas ministradas pelos colaboradores da Liga Experimental de Comunicação para os integrantes do Movimento dos Conselhos Populares (MCP), atuais parceiros da agência. A oficina aconteceu na Universidade Federal do Ceará (UFC), campus Benfica, das 8h às 12h da manhã.
Comunicação como direito humano foi novamente o tema abordado no encontro para um grupo de 17 pessoas presentes, com a participação de representantes dos três núcleos do MCP envolvidos: Planalto Pici, Campo Palmeiras e Raízes da Praia.
O conceito de liberdade foi abordado segundo a perspectiva de direito e expressão democrática. Também foi assunto de debate e discussão os mecanismos de manipulação da mídia (principalmente a mídia televisiva) e a utilização destoante da comunicação para o conformismo como repressor da ação de mudança social, esta tão importante para a realidade da comunidade de muitos dos representantes do MCP.
Foi de comum acordo entre os presentes a necessidade de uma comunicação como canal de interação entre as pessoas, uma que reafirme a riqueza cultural brasileira e que não apenas informe, mas também represente os indivíduos diante do Estado, em busca da concretização dos direitos humanos. Para Juscelino Dias, integrante do núcleo do Planalto Pici, a pluralidade do povo brasileiro não é retratada pela mídia. “Os brasileiros não conhecem o Brasil”, diz.
Sobre isso, abordaram-se assuntos como violência, manifestações de movimentos sociais, a padronização dos estereótipos impostos pela mídia em novelas e comerciais de televisão e a repressão das rádios comunitárias, nesse caso, realidade bem presente nos núcleos do MCP. “Na televisão passa muita coisa negativa”, segundo Nelmilla da Silva, integrante da comunidade do Conjunto Palmeiras.
Num segundo momento, foi exibido o vídeo “Cordel da Regulamentação”, produzido pelo Centro de Cultura Luiz Freire, que enfatiza a liberdade de expressão e o papel múltiplo da comunicação como voz para as carências civis, o caráter universal da valorização das culturas regionalistas e a necessidade de meios midiáticos democráticos. Foi dado início, então, a um debate assíduo sobre o monopólio brasileiro de comunicação e o projeto de lei do Marco Relatório e sua importância para a democratização midiática.
Como atividade final, os participantes da formação preencheram um formulário de avaliação individual sobre os conteúdos discutidos em sala, as aparelhagens físicas e metodológicas utilizadas pelos colaboradores da Liga, além de sugerirem ideias para os encontros. O segundo dia de formação finaliza com a conclusão do módulo inicial, tendo continuidade apenas em janeiro (04), com a primeira oficina de Impresso, após o recesso da próxima semana (28).