"Eles venceram e o sinal / está fechado pra nós / que somos jovens", a composição de Belchior, imortalizada na potente voz de Elis Regina, ecoou no coração de muitos brasileiros angustiados depois do resultado das urnas, na noite deste domingo (28). A eleição de Jair Messias Bolsonaro, do PSL, como novo presidente do Brasil, a partir de 2019, fere. Bem mais do que uma facada, a vitória do capitão reformado do exército promete derramar muito sangue, além do tanto que já escorreu nos últimos meses. Mas longe da dicotomia do ganhar ou perder, a luta antifascista não foi vencida. Estamos aqui, não vamos recuar. Jamais poderíamos.
Após o dia 7 de outubro, o segundo turno exigiu maturidade. Estava claro o que ficou em jogo. Alguns lados se tornaram mais flexíveis ao passo que outros foram desmembrados quase que permanentemente. Ou se é bolsonarista ou se é anti. A diferença é existencial, pétrea. E aqui, é importante esclarecer que o posto se refere a aspectos morais, não a um sentimento de indignação.
Os incansáveis esforços do movimento antifascista mostraram que, para além de posicionamentos partidários, a luta é bem maior. Não estamos em uma situação comum. O fascismo avança como um tsunami. A nossa jovem democracia está altamente ameaçada, agora mais do que nunca. Essas eleições, especialmente o segundo turno, não foram sobre competência, mas sim sobre ideologia.
Apesar da derrota de Haddad, a organização da esquerda se mostrou impressionante. E é disso que precisamos, de organização e (principalmente) união. Mais do que nunca, juntos podemos resistir. "Ninguém solta a mão de ninguém", como muito bem colocou o apelo compartilhado por milhares de pessoas na redes sociais logo após a divulgação do resultado.
E para a surpresa de Belchior, não somos como os nossos pais. Vamos avançar, pelos nossos e também pelos os que estão aparentemente ou declaradamente contra nós.