Nesta segunda-feira (7), a Liga Experimental de Comunicação promoveu formação básica sobre conversação em Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é reconhecida legalmente, desde 2002, como meio de conversação e expressão no Brasil. O espaço, aberto ao público, foi realizado no prédio do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Inácio Morais, 20, pessoa surda e instrutor de Libras em formação, foi o responsável por ministrar a oficina. Em entrevista concedida à Liga, ele afirma que iniciativas como a oficina são importantes passos para simplificar a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. O intérprete Marcos Antônio mediou a fala de Inácio durante o evento e também na entrevista.
Inicialmente, Inácio apresentou o alfabeto em Libras e a datilologia, que consiste em unir os sinais das letras para formar palavras. A partir disso, as pessoas presentes interagiram com ele utilizando a datilologia para falar seus nomes e locais de residência. Depois, os números, meses, dias da semana e saudações foram apresentados ao público, além de verbos de afirmação e de negação, bem como substantivos comuns, como sorvete, praia, frutas, livro, viagem, etc. Por fim, Inácio apresentou uma proposta de dinâmica que consistia em formar frases em português e traduzir para Libras.
Bolsista do projeto de extensão, Mateus Sales explica que a Liga se pauta pela perspectiva da garantia dos direitos humanos e que o conhecimento em Libras é fundamental para que a comunicação entre diferentes segmentos da sociedade ocorra. “Historicamente, as pessoas surdas reivindicam direito à comunicação, por exemplo defendem mecanismos para acessar o conteúdo da mídia, como closed caption e janela de Libras, o que ainda é um desafio. Por outro lado, as pessoas não surdas também podem se formar para se comunicar com as que possuem alguma deficiência auditiva. É nosso papel promover esse encontro de saberes”, avalia.
Segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que representa 5,2% da população brasileira.