Deus me “live”!
- Carlos Donisete
- 21 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de fev. de 2021
Olá, sumid@!
Tô aqui fazendo um convite a todes para pensarmos sobre o que é morar na rua.
Logicamente, não são observações de Harvard, e sim letras parciais, comprometidas, apaixonadas, porque só sei fazer assim. Dito isto, quando vejo morador de rua, penso em caos, na ponta do iceberg, na falha do capitalismo, que precisa do exército industrial de reserva, mas que produziu algo mais abaixo, inclassificável. Também penso em segregação socioespacial e na questão multidisciplinar da pobreza, além da invisibilização dessa população. O AMOR fracassou e vamos perceber onde.
Por que a pessoa vai morar na rua? O conflito familiar é um bom motivo, mas lembremos que a família perfeita não existe nem em comercial de margarina e hoje temos múltiplos arranjos possíveis. A pergunta aqui é: conflito familiar por parte de quem?
Uso de drogas: a maioria das pessoas que usam drogas não tem problemas com elas. Falamos de pessoas que fazem o uso crônico. E como é possível ficar “de cara” na rua? Quais os buracos que as drogas procuram tampar? Temos o uso recreativo de drogas na rua? Falaremos sobre a redução de danos numa próxima conversa.
Deus: o deus da rua é o do Velho Testamento: vingativo, que pune os pecadores. Entretanto, contraditoriamente, Jesus é lembrado nas ruas. O certo é que a fanbase deles complica as coisas. O divino é vivido na pele, não existe ateu na rua.
Desemprego: a crise econômica aumenta as pessoas nas ruas, mas só ela não explica. Caso contrário, teríamos 12 milhões de pessoas morando nas ruas, o que não acontece.
Saúde: as pessoas que estão nas ruas são doentes física e emocionalmente e, muitas vezes, não conseguimos perceber o que veio primeiro, se a falta de saúde ou a situação de rua. Uma coisa é certa: precisamos de um SUS forte para todes.
Liberdade: conheço pessoas “livres”, libertas, ingovernáveis, mas no geral a liberdade é ilusória, romântica. A cidade é dividida em territórios, com regras duras e implacáveis.
Estamos em uma modernidade líquida, no “novo normal” e toda oportunidade de se falar sobre situação de rua e combater fake news é bem-vinda. E dá-lhe a baixar apps, divulgar link, fazer live. E isso é só o começo. Sintam-se provocados e convocados.
Fortaleça a cena, curta, comente, compartilhe.
(pose de maloqueira)
Beijos, me liga!
* Este artigo de opinião foi produzido no âmbito da Formação de Articulistas da Liga, formação oferecida a representantes de movimentos sociais pela Liga Experimental de Comunicação, projeto de extensão dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará (UFC).
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