Os oceanos podem causar impactos para o equilíbrio do meio ambiente, além de prejudicar o próprio ser humano
Os oceanos, berços da vida e da civilização que hoje são navegados e repletos de organismos estão ficando doentes, sofrendo com a ação humana. No dia 08 de junho é celebrado o Dia Mundial dos Oceanos. Saber como está a qualidade da água desse nosso mar cearense é uma boa oportunidade para refletir sobre nossas atitudes com o meio ambiente.
As águas oceânicas são essenciais para o equilíbrio ambiental no planeta, elas abrigam a maior biodiversidade do mundo e recursos naturais essenciais, de relevância econômica e estratégica, além de serem imprescindíveis na regulação do clima. No entanto, elas vêm sofrendo com diversas ameaças. O professor do Instituto de Ciências do Mar da UFC, Fábio Matos, afirma que “uma das principais ameaças é a poluição marinha, tanto na forma de lançamento sem tratamento de esgoto doméstico e industrial, como também por meio de deposição de lixos materiais, como o plástico/microplástico.”
A poluição plástica nos oceanos é um dos pontos que devemos levar em consideração. O consumo não pode ser resolvido apenas com trocas de produtos plásticos, por produtos de outros materiais. Essa problemática é um desafio que pode ser enfrentado por todos nós, por mais que a responsabilidade seja de quem produz esses produtos, o nosso dever é de cuidar do que a natureza nos oferece.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), oito milhões de toneladas de plástico vão parar nas águas dos oceanos, levando 100 mil animais marinhos à morte a cada ano. Além da presença de partes plásticas de produtos, ainda temos os microplásticos, partículas quase invisíveis de plástico presentes nas águas dos oceanos e que podem afetar na vida humana.
Saiba mais. O microplástico é uma pequena partícula de plástico no tamanho em milímetros que polui os oceanos afetando a vida dos seres vivos. Essas partículas surgem do esgoto que é jogado diretamente dos oceanos que possuem pequenas partículas de poliéster da lavagem de roupas.
Conforme a Resolução 274 de 2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, a norma que estabelece os padrões de balneabilidade, ou seja, que define se a água está própria ou imprópria para banho. Essa norma lista alguns limites de alguns parâmetros de qualidade de água e, caso a qualidade da água extrapole os limites estabelecidos, a água é considerada imprópria para banho.
O Programa de Monitoramento da Balneabilidade das Praias do estado do Ceará é feito pela Semace seguindo as Resoluções nº. 274/2000 e nº. 357/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. Esse tipo de monitoramento classifica a qualidade da água quanto a sua balneabilidade em termos de ações sanitárias, indicando se a água está própria ou imprópria para o banho nas praias.
A água que chega às praias cearenses não é a mesma água que se encontra em alto mar. A concentração de produtos sólidos é um dos fatores que pode contribuir. De acordo com o professor e pesquisador do Instituto de Ciências do Mar - Labomar da UFC, Dr. Michael Viana. A ação humana pode ser a maior interferência. “Infelizmente, por conta das influências antrópicas, as águas mais próximas à orla tendem a ser mais deterioradas. Isso porque essa região é a que recebe as águas de rios, muitos deles poluídos, e águas provenientes de escoamento superficial, inclusive àquelas trazidas pelas galerias pluviais, que nem sempre são só águas de chuva, mas também contendo esgoto, provenientes de ligações clandestinas”, explica.
+ Escute o áudio de Michael Viana, Dr em Saneamento Ambiental, Professor e Pesquisador do Labomar da UFC. Sobre ação natural e humana na interferência da qualidade da água para banho.
Quando se fala em qualidade da água devem se atentar ao que compõem as águas dos oceanos. Além do H2O, um dos componentes mais presentes nas águas marinhas são os sais. Existem outros componentes também fundamentais para a dinâmica oceânica, como a matéria orgânica, os nutrientes, em especial o nitrogênio e o fósforo, e metais.
Em um ambiente aquático equilibrado, com baixa ou nenhuma ação humana, as concentrações de elementos e substâncias, como o nitrogênio e o fósforo, encontram-se em um nível que não prejudica a ecologia do determinado ambiente. “Entretanto, em um ambiente que recebe descarga de esgotos domésticos ou agroindustriais, de forma direta ou indiretamente, ou mesmo de águas de escoamento superficial, a concentração dessas impurezas pode elevar os níveis dessas substâncias a ponto de causar prejuízos aos organismos marinhos e também ao ser humano”, explica Michael Viana.
Para o professor do Labomar da UFC, Fábio Matos, esses debates sobre a poluição marinha e sobre a qualidade dos nossos oceanos ainda são muito restritos a espaços específicos, como o ambiente acadêmico, e só é debatido em ações pontuais pela sociedade.
Ele defende que existam campanhas que incitem uma educação ambiental marinha permanente, além de acreditar também que o Governo deva elaborar um planejamento e gerenciamento dos espaços costeiros e marinhos de forma articulada e integrada, para que as ações possam sair do papel e serem empreendidas no cotidiano das cidades, pois, “as campanhas de educação ambiental marinha, aliadas a fiscalização e regulamentação desses espaços são passos essenciais para termos oceanos mais limpos e saudáveis”, afirma.
ECOAÇÕES. Série de reportagens sobre reflexões das ações humanas no meio ambiente. Diante das crises mundiais, vamos ver o que o nosso local está enfrentando. Um momento para analisar nossas ações e os impactos em nosso cotidiano cearense.
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