Diante das incertezas e das ações humanas, refletir sobre nossas atitudes ao nosso redor podem influenciar em um modo de vida mais sustentável
No dia 05 de junho é a data alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente, período onde se discute sobre o que estamos fazendo com o nosso ambiente. Neste momento, o nosso meio ambiente se destrói diariamente pela ação humana, seja com a poluição de rios e lagos até o aumento do consumo de produtos que agridem o nosso planeta.
O meio ambiente também está ligado ao nosso consumismo. Segundo o panorama da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Por semana, os brasileiros produzem 1,52 milhão de toneladas de lixo, sendo o 4° país maior produtor de plástico do mundo.
Saiba mais. O Meio ambiente pode ser definido como um conjunto complexo de seres vivos e não vivos que habitam o mesmo espaço que funcionam de forma natural e que podem ser divididas por unidades ecológicas.
A educação ambiental nasce no objetivo de conscientizar ecologicamente o cidadão, mostrando o papel que nós sociedade temos em conjunto com o meio ambiente. “A educação ambiental como instrumento da política nacional de educação ambiental é uma das principais ferramentas para que a gente mude essa realidade que enfrentamos, inclusive mundial, naquele pensamento do pensar globalmente, agir localmente”, pontua o orientador da célula de educação ambiental da Sema, Sérgio Mota.
O discurso sobre o meio ambiente é necessário e precisa estar mais presente para o Ceará, conforme a justificativa do João Batista, doutor em ciências com ênfase em educação popular freireana. “A educação ambiental é imprescindível para o Ceará como para todo o mundo, no sentido de educar quanto ao cuidado com a vida, com nosso lugar, como os limites do ecossistema terra”, acrescenta.
Para a Sema falar sobre educação ambiental no Ceará também é falar sobre os programas e projetos que desenvolvem a disseminação de informações sobre o meio ambiente. Dentre as ações da Sema estão: Programa Agente Jovem ambiental (AJA), Projeto Viva o Parque, Programa Selo Escola Sustentável, Projeto Contra o abandono de animais Domésticos, Programa Parque-Escola e o devido à pandemia do novo coronavírus surgiu a Educação Ambiental na Quarentena.
No Ceará, um estado rico em fauna e flora exuberantes, ainda está caminhando em pequenos passos quando se fala em educação ambiental e conscientização ecológica. Segundo o estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que, no Ceará, houve um aumento de cerca de 70% no desmatamento entre os anos de 2019 e 2020. Para amenizar resultados como esse é necessário investimento em educação ambiental?
A educação ambiental no Ceará é regida por lei política e estadual de educação ambiental, a lei estadual nº 14892 de 2011 tem todo o regramento de como deve ser trabalhada e organizada a educação ambiental no estado.
Para o ensino existem atribuições da educação ambiental, divididas em formal e não formal. A formal é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), já a não formal é de competência da Secretaria de Estado do meio ambiente (Sema) e elas juntas formam o órgão gestor dessa política estadual e que fomentam as ações de acordo com a divisão.
+ Escute o áudio do orientador da célula de educação ambiental da Sema, Sérgio Mota, sobre a situação da educação ambiental no Ceará.
A Educação Ambiental no ensino formal é aquela desenvolvida pelos currículos das instituições públicas e privadas que abrangem a educação básica, constituída da educação infantil, do ensino fundamental e médio, os cursos de graduação e pós-graduação, a educação especial, profissional e de jovens e adultos.
A Escola Vila é uma dessas instituições de ensino formal privado que tem como um de seus valores fundamentais a educação ambiental. A diretora e ambientalista Fátima Limaverde defende que é importante ter essa formação no ambiente escolar para que as crianças cresçam sabendo que a responsabilidade delas com o planeta é vital. “A escola é um espaço de formação de cidadãos que precisam ter consciência do seu papel na sociedade, como um todo, visando as questões ambientais, sociais, políticas, religiosas, então é muito importante que desde cedo eles possam ter essa consciência e pertencimento a mãe terra”, afirma
A escola trabalha com a pedagogia ecossistêmica, modelo que busca uma prática transformadora no ambiente em que vivemos, na convivência harmônica com os pares, no reconhecimento e valorização da ciência, das artes e tradições, além de uma formação humanitária e transdisciplinar. Dessa forma, no ambiente escolar os alunos têm atividades como música, teatro, artesanato, artes plásticas, expressão corporal e vivências com farmácia viva, horta, animais, pomar, jardim, culinária natural, reciclagem de sucata, entre outras.
Fátima acredita que esse modelo pedagógico tem que ser difundido nas escolas e universidades, pois, é um ensino diferenciado do tradicional por formar o cidadão com ferramentas para a construção de um mundo melhor. Para ela, assuntos como a educação ambiental tem que ser amplamente discutido em todos os espaços. “Se nós queremos que a humanidade continue a existir, nós vamos precisar como humanidade mudar muitos dos nossos hábitos e ter um olhar muito mais profundo em relação à natureza. Se a gente quer que as gerações futuras possam ter um planeta habitável, nós temos que mudar nossas ações.”
No ensino não-formal, a educação ambiental se dá através de projetos, ações e práticas educativas destinadas à sensibilização, mobilização e organização da sociedade civil para a participação nas ações de defesa da qualidade do Meio Ambiente.
Na parte de projetos que estão ativamente no estado, temos o Verdeluz que é um instituto que atua em Fortaleza, buscando promover a sustentabilidade e conscientização ambiental, contextualizada ao nosso território. Dentro do projeto existe a divisão em quatro grupos que são o GRU (Grupo de estudos e articulação sobre resíduos sólidos), GTAR, Pipa (Programa de participação e informação ambiental) e o ativismo.
Andreia Lopes, cientista ambiental e vice-presidente do Instituto VerdeLuz, explica que a educação ambiental é trabalhada de diferentes formas na ONG, através de ações e de projetos que tem uma abordagem crítica e problematizadora, que trazem o viés de compreender de onde que o problema surge e o que nos leva a estar enfrentando essa problemática das questões ambientais.
+ Escute o áudio da cientista ambiental e vice-presidente do Instituto Verdeluz, Andreia Lopes, sobre o que a importância de se falar sobre educação ambiental.
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus a disseminação sobre meio ambiente ainda continua, a estudante de pedagogia, Andrez Firmino nos conta sobre suas experiências. “Antes da pandemia, tentava ajudar no planejamento e prática das nossas atuações nas escolas e outros espaços quanto no apoio de curso que o Verdeluz oferece. Como experiência prática participei de uma de nossas ações de educação ambiental em uma escola para crianças do ensino fundamental onde abordamos a problemática dos resíduos sólidos através de uma dinâmica e diálogo com as crianças”, explica.
Indicação. A Organização Mundial das Nações Unidas(ONU), por meio do programa UN CC: e-Learn, oferece um curso on-line, gratuito e com certificado sobre mudanças climáticas globais de forma clara e atualizada para quem se interessa pelo assunto. O curso é composto por 6 módulos e o curso envolve mais de 35 agências das Nações Unidas. E para o curso em Português, foi idealizado em conjunto com a UNESCO. Há também inúmeros outros cursos em Inglês. Basta se inscrever pelo Site pelo link: https://unccelearn.org/course/
Para Andreia, esse trabalho que o Instituto e outras ONGs aqui do Ceará fazem é essencial, pois, eles têm uma grande inserção em diversos territórios e tem a preocupação de estarem conectados com as comunidades e com as necessidades que eles apresentam, fazendo um trabalho de sensibilização, de acompanhamento e de fiscalização. “O Verdeluz hoje está presente em todas as unidades de conservação de Fortaleza que tem conselho gestor. Nós participamos, estamos nesses espaços e percebemos o quão é necessário a nossa participação de fiscalização, acompanhamento e difusão dessas ideias, que também é uma ação de educação ambiental”, defende.
ECOAÇÕES. Série de reportagens sobre reflexões das ações humanas no meio ambiente. Diante das crises mundiais, vamos ver o que o nosso local está enfrentando. Um momento para analisar nossas ações e os impactos em nosso cotidiano cearense.
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